Noticia Capixaba.
Tradicionalmente um dos principais produtores de café arábica, banana (especialmente a da terra) e citrus – é o primeiro no cultivo da tangerina ponkan no Espírito Santo – o município de Domingos Martins começa a despontar na produção de uva. Atualmente 18 agricultores apostam na diversificação da lavoura com a viticultura, apresentada há cerca de quatro anos por técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural.
A maior parte dos agricultores está no distrito de Paraju e dedica-se à produção da niágara rosada, ideal para consumo in natura, e também para a elaboração de vinhos e sucos. Ao todo já são quase três mil pés plantados sob a supervisão do técnico agrícola da prefeitura, Ater Luiz Hand.
Há ainda aqueles que investiram também na uva tipo Isabel, caso do produtor Valdecir Antônio Zahn, da comunidade de Goiabeiras. Com a propriedade já consolidada no plantio de café, banana, citrus e olerícolas, ele fez as primeiras experiências com a uva em 2010, com a destinação de 2,5 mil metros quadrados de sua propriedade à viticultura. O agricultor colheu os primeiros frutos em dezembro do ano passado e o resultado foi considerado positivo.
“Começamos o processo de enxertia, aguardamos um ano (tempo necessário para o desenvolvimento da planta) e iniciamos a plantação. Tivemos dois mil quilos de uva colhida na primeira safra e o rendimento foi bastante satisfatório”, conta o proprietário rural.
Para este ano Valdecir tem planos mais ousados. Vai ampliar a área de produção e investir no fruto tipo niágara rosada, que segundo ele, tem maior volume de produção e de mercado. Além de produzir, o agricultor também pretende fazer o beneficiamento do fruto com a elaboração de vinhos.
Da sala de aula para o parreiral
A viticultura também foi uma aposta de Sidinei Strey da Penha. Aos 22 anos o jovem fez o caminho contrário ao da maioria das pessoas de sua idade e optou ficar no campo. A decisão de investir em uma nova cultura nasceu na sala de aula durante o curso de Agronegócio em Ponto Alto, em 2011.
Cultivando a niágara rosada e abastecendo o mercado local, Sidinei conseguiu colher cerca de 100 quilos da fruta na primeira safra, no final do ano passado. Dividindo os trabalhos com a mãe, responsável pela cultura do morango (outro plantio inédito na propriedade) e o pai, que continua no mais tradicional cultivo, o do café, Sidinei não cansa de inovar.
“A experiência com a uva deu tão certo que trouxemos mudas de outras frutas como framboesa, amora preta, tomate cereja e maracujá para testar aqui na propriedade do Sidinei. É uma espécie de laboratório. Aqui testamos o comportamento de novas culturas e o que dá certo apresentamos para os demais interessados”, explica o técnico agrícola Ater.
“Esses agricultores têm se mostrado muito interessados em fazer diferente, trabalhar com culturas diferentes, que podem render uma rentabilidade muito boa em áreas pequenas e próximas de suas casas”, salienta.
Primeiras ações
As primeiras ações de discussão sobre o plantio da uva começaram em 2010 com a realização de reuniões, capacitações e distribuição das primeiras mudas. “A equipe técnica da Secretaria de Desenvolvimento Rural levou para a região essa possibilidade de diversificação da produção e os agricultores acreditaram. Hoje estamos colhendo os primeiros resultados”, conta o secretário da pasta, Darci Schaefer.
A produção de uva também está presente na Sede, em Melgaço e em Aracê. “Todo este saldo positivo é fruto de muito trabalho e assistência junto ao homem do campo. Hoje conseguimos colocar à disposição do produtor rural uma assessoria técnica que auxilia e orienta o agricultor na condução correta e rentável de sua lavoura”, finaliza o secretário.