Patrik Camporez Mação/Gazeta/Notícia Capixaba.
População aguarda reforma do Hotel Imperador, desativado há cerca de três anos
Um dos principais destinos da elite capixaba nas décadas de 1960 a 1980, o agora desativado Hotel Imperador, localizado em Domingos Martins, na Região Serrana, foi desapropriado pelo governo do Estado.O local será transformado em Centro Cultural com teatro, salas para ensino da música, biblioteca, salas para exposição e espaço para hospedagem, estacionamento, café e restaurante, explica a Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
“Essa ação do governo, em parceria com a prefeitura do município, visa a sustentabilidade das atividades artísticas e culturais, como o Festival Internacional de Inverno de Música Erudita e Popular, considerado um grande sucesso”, explica o secretário da Cultura, Maurício José da Silva.
Em mais de 50 anos, hotel abrigou políticos e famosos
O secretário alega, entretanto, que os projetos arquitetônicos e complementares ainda não foram contratados. “Cumprimos o compromisso de desapropriar o Hotel Imperador, importante marco afetivo e histórico da comunidade martinense, mas somente após as contratações poderemos falar sobre datas”, diz ele.
O hotel foi inaugurado no dia 6 de janeiro de 1955 e possui hoje a mesma arquitetura da época em que foi construído. Desativado há cerca de três anos, o prédio conta com pelo menos 24 quartos e 10 apartamentos, além de piscinas e áreas de lazer.
No topo do edifício, ainda está quase intacta a famosa suíte 312 – a mais espaçosa e com a vista mais privilegiada –, e que era cobiçada pela maioria dos hóspedes que chegavam de Vitória, e outras capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.
Saudade
Moradores da localidade de Pedra Branca, na Zona Rural de Domingos Martins, o casal de agricultores Lídio Rangel, 78, e Maria da Penha Rangel, 71, lembra com saudade dos tempos áureos do Hotel Imperador.
“Era muito movimentado. Hoje ficou estranho, assim, vazio. Espero que a obra do governo faça com que o local volte a funcionar logo, para embelezar ainda mais nossa cidade”, diz Rangel.
A construção foi feita em um terreno doado, na época, pela prefeitura, localizado em frente à principal praça da cidade. Atualmente, uma placa de “vende-se” ainda estampa a frente do prédio, encobrindo boa parte de sua fachada histórica.
“Um prédio lindo desses, bem no meio da cidade, não pode ficar abandonado. Ele pode ser aproveitado de diversas formas e os moradores esperam que isso aconteça logo”, diz dona Maria .
Imóvel não foi pago, diz proprietária
Apesar de o governo do Estado garantir que a área de 6.500 m2 foi desapropriada, a herdeira do imóvel, Regina Lyra de Aguiar, alega que não recebeu “nenhum centavo pelo imóvel”, e reforça que o prédio ainda é de sua propriedade.
O terreno onde foi construído o Hotel Imperador foi doado ao então senador Jeferson de Aguiar, pai de Regina, com a condição de que ali fosse construído um prédio destinado à instalação de um hotel. Desde então, o imóvel vem sendo administrado pela família. A desapropriação custaria ao Estado entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões, de acordo com a herdeira.
“Não foi feita desapropriação nenhuma, pois isso ocorre quando o governo paga ao proprietário. Já concordei com a desapropriação, mas ainda não recebi nada”, afirma Regina.
Em resposta, a Secretaria Estadual de Cultura (Secult) informou que Regina participou de todas as negociações de desapropriação e que os cheques estão prontos para serem liberados. “É necessário um tempo para resolver todos os trâmites legais”, frisou o secretário Maurício José da Silva.