Graças ao apoio dos amigos e vizinhos, o desejo do jovem, que também é sanfoneiro, está prestes a se realizar
José Augusto Benfica tem 21 anos e um sonho que carrega desde a infância: enxergar. Morador do interior de Afonso Cláudio, no Sul do Espírito Santo, ele nasceu com glaucoma congênito. O desejo do jovem, que também é sanfoneiro, está prestes a se realizar: ele fará um transplante de córnea, graças ao apoio dos amigos.
A esperança veio após uma consulta em um médico particular no ano passado, em Belo Horizonte, após um passeio na capital mineira. “Amigos me incentivaram a consultar o especialista, já que outros já haviam dito que eu não ia mais ver. O médico me perguntou se eu queria voltar a enxergar e eu disse que era meu sonho. Agora, preciso fazer o transplante de córnea”.
A simplicidade e a simpatia de José conquistou o médico, que vai operá-lo sem cobrar pelos serviços. Através de sua página pessoal em uma rede social, ele comoveu a comunidade onde mora, no bairro da Grama, amigos e colegas da escola, com o objetivo de arrecadar R$ 6 mil para custear as viagens e consultas até o dia do transplante. “A data ainda não foi marcada. Por enquanto, estou fazendo exames. Mas, até maio, segundo o médico, a operação vai acontecer”.
Não será a primeira vez que o jovem passa por um procedimento cirúrgico com o objetivo de conquistar a visão. José Augusto foi operado do olho direito aos quatro anos de idade. Mas o transplante não teve sucesso. Segundo os pais, ele levou um tombo correndo e houve uma rejeição.
“Eu e toda minha família e amigos estamos muito felizes. Hoje enxergo apenas luzes, o dia, a noite. Há alguns anos, distinguia cores, mas hoje não mais. O médico pediu urgência do banco de doação, uma vez que o tempo é o principal inimigo. Depois de voltar a enxergar, quero terminar os estudos e viver ainda mais feliz que vivo agora”.
Talento
José Augusto Benfica nunca se deixou abater pelo preconceito ou pelas dificuldades. Ele aprendeu a tocar acordeom ouvindo um tio, ainda na infância. Mais tarde, ganhou o instrumento e aprendeu sozinho. “Dizem que toco bem. Faço apresentações na escola e onde sou chamado eu vou. Já no teclado, arranho um pouquinho, ainda estou aprendendo”, diz ele.
Mas não é apenas na música que o jovem esbanja talento. O bom rendimento lhe rendeu prêmios quando ainda estudava na Escola Agrícola da cidade. “Em 2006, fiz uma redação falando sobre o lixo. Já em 2007, foi sobre impostos e ganhei meu primeiro computador adaptado. Em 2009, o prêmio foi uma televisão, quando escrevi sobre o alcoolismo”.
Ele aprendeu o sistema braile e cursa hoje o 2º ano do ensino médio, durante a tarde, com o apoio de uma professora especializada. “Havia muito preconceito, mas com a lei de inclusão, tudo mudou. A escola busca junto comigo abrir caminhos que me levem a meu sonho”.
Doações
Banco Bradesco
Agência: 2416-3.
Número da conta: 1002998-8.