A propriedade do senhor Laerte da Silva, localizada em Sapucaia, município de Venda Nova do Imigrante, tornou-se cenário de transferência de tecnologias para mais 40 produtores e técnicos da Região Serrana, durante o Dia de Campo realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que abordou o tema “Aproveitamento Agrícola da Água do Processamento dos Frutos do Cafeeiro”.
A primeira apresentação foi realizada pelo professor Juarez de Souza e Silva, que enfatizou a necessidade de os produtores e técnicos estarem atentos às tecnologias disponíveis que atendam às necessidades dos arranjos produtivos. “É necessária a busca por metodologias simples e de baixo custo e sempre usar ao máximo os recursos locais, materiais e humanos”, disse o palestrante.
O pesquisador da Embrapa, Sammy Fernandes Soares, abordou a “Disposição da Água do Processamento de Café (APC) no solo: Aspectos legais”. O pesquisador enfatizou a necessidade de uniformizar as interpretações da legislação em vigor visando aproveitar melhor as características orgânicas e inorgânicas contidas na APC.
O professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Aldemar Polonini Moreli, explicou aos participantes que o próprio produtor pode construir uma unidade de processamento, adquirindo apenas um descascador de café, diminuindo os custos do investimento. Explicou também sobre o método correto de reuso e recirculação da água utilizada no processamento. “A APC não interfere na qualidade do café e os produtores devem empregar as técnicas de processamento, secagem e armazenagem para obterem um produto de excelência”, disse o palestrante.
O pesquisador do Incaper, Luiz Carlos Prezotti, falou sobre a contribuição possível de ser obtida com o reuso da água do processamento do café, sendo uma tecnologia que contribui para a reciclagem de nutrientes no solo. As APCs possuem uma composição que as classificam como ricas em nutrientes orgânicos e inorgânicos, especialmente o potássio e matéria orgânica, oriundos da polpa do café. Seu emprego, adequado, na agricultura é uma opção de reaproveitamento deste resíduo, evitando impacto para o meio ambiente, possível de ser causado quando descartado inadequadamente.
Unidade de Processamento: lavagem e despolpamento do café
Após as apresentações, os participantes se dirigiram à unidade de processamento (UP) da propriedade, onde o pesquisador da Epamig, Sérgio Maurício Lopes Donzeles, explicou o manejo correto do lavador e despolpador de café. Os produtores tiveram a oportunidade de assistir ao funcionamento da UP e tirar as dúvidas sobre o reuso da água do processamento do café e seus benefícios para a propriedade, com de toda equipe do projeto. Por fim, os produtores voltaram-se para a lavoura e acompanharam a aplicação da APC a partir da fertirrigação na cultura do café, com orientações de Luiz Carlos Prezotti, que ainda falou sobre os benefícios econômicos obtidos com o emprego desta atividade.
Cafeicultura em Venda Nova do Imigrante
A cafeicultura destaca-se como uma das principais atividades econômicas do município. De acordo com os técnicos organizadores do Dia de Campo sobre cafeicultura, deve haver continuidade de ações nessa área, pois é uma atividade que precisa ser aprimorada no município, já que é uma reivindicação apresentada nos diagnósticos realizados com os beneficiários do Projeto Ater Sustentabilidade.
O chefe do escritório do Incaper de Venda Nova do Imigrante, Evaldo de Paula, disse que este Dia de Campo, idealizado e realizado em parceria com o Ifes e o Consórcio Pesquisa Café, foi muito importante e trouxe inovações tecnológicas práticas para o agricultor familiar. “Essas ações foram formatadas com a efetiva participação dos agricultores, que hoje colhem os frutos através de capacitações como esta, que são direcionadas para o público-alvo de acordo com a necessidade local”, afirmou.
Ele ainda disse que um Dia de Campo sobre tangerina ponkan e um curso sobre bovinocultura de leite serão realizados no mês de outubro deste ano.