sábado,
05 de outubro de 2024

Raiz capixaba: gengibre destaque no mundo tem origem na região serrana do Espírito Santo

Redação

A família Schaeffer, formada pelo casal Leomar e Viviane, e os filhos Wallisson e Tamirys, em Santa Leopoldina, vem se destacando na produção e exportação de gengibre ano após ano. Eles garantem a renda familiar por meio da raiz produzida no pequeno município da região serrana capixaba.

O início das atividades da família Schaeffer foi em 2003, com uma produção entre mil e duas mil caixas por ano. Naquele período, eles deram início à produção por conta própria, sem apoio e com poucas informações. Ao longo desses 20 anos, novos familiares entraram para o negócio e fortaleceram a produção.

Com o passar dos anos, a alta demanda por exportação despertou o interesse dos Schaeffer e o gengibre alçou voos para os quatro cantos do planeta. Viram na oportunidade a possibilidade de expansão do negócio.

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem participação na etapa do aumento de produtividade e conhecimento de mercado para a exportação, por meio do extensionista do Incaper em Santa Maria de Jetibá, Galderes Magalhães, com instruções de manejo, cultivo e exportação.

“Em 2023, o gengibre veio em uma crescente significativa, devido a poucas áreas cultivadas em 2022, muito por conta do baixo preço daquele ano. No entanto, o produtor rural investiu no plantio em 2023 para uma boa safra em 2024. A cadeia produtiva de exportação aumenta 20% ao ano, com exceção de 2022, e a média tende a seguir neste ano o que ocorreu em 2023”, destacou o extensionista Galderes Magalhães.

Com o crescimento da produção, Leomar Schaeffer procurou interessados em produzir gengibre na região. Em busca de parceiros agrícolas (sociedade), a família fornece o investimento necessário para desenvolverem a cultura.

Em 2023, a média de exportação dos Schaeffer ultrapassou 100 mil caixas. Com a valorização do dólar, o faturamento anual foi de cerca de R$5 milhões. Os gengibres da família são exclusivamente para exportação e já chegaram em todas partes do mundo, com exceção da China, Índia e Peru, países também produtores.

“São 20 anos morando na mesma propriedade. Aqui (Santa Leopoldina) formamos nossa família, com todos inseridos na produção e focados na exportação. Preparamos nossos filhos para quem sabe no futuro o interesse em continuar no ramo e dar sequência nos negócios se mantenha”, contou Leomar Schaeffer.

Gengibre no Espírito Santo
O gengibre é uma planta de origem asiática que teve grande adesão no Espírito Santo. Na década de 1970, ele chega ao município de Santa Leopoldina e começa a ser cultivado, ainda de maneira experimental, na comunidade de Boqueirão do Thomas. Com os resultados positivos, os produtores difundiram a cultura do gengibre pela região. Na década seguinte, por meio de parceria entre as secretarias municipais de Agricultura e a então Emater/ES, o gengibre chega ao município vizinho de Santa Maria de Jetibá. Nesse período, foi trazido ao Estado, material genético de São Paulo para difundir ainda mais o gengibre na região.

No início da década de 2000, o processo de produção foi tecnificado, com a chegada de uma empresa de exportação. Os produtores se especializaram e, com novos conhecimentos, levaram produtos de melhor qualidade no mercado, o que garantiu, por muitos anos, o título de melhor gengibre do mundo ao Espírito Santo. Atualmente, o Estado detém a maior produtividade do mundo, sendo mais produtivo que muitos países.

O gengibre capixaba é destaque no mundo. Em 2022, a cultura atingiu a entrada em 41 países, com um volume total de 19,5 mil toneladas. O Incaper apoia os produtores com projetos de crédito, consultoria técnica e visitas técnicas para instruí-los sobre a melhor forma de produzir, sobre manejo fitossanitário que se deve utilizar na lavoura, assim como apoia produtores com interesse em beneficiar o produto por estarem mais avançados, com expertise com a cultura.

Gengibre em dados
O destaque capixaba na exportação de gengibre também passa pelo crescimento de área produzida no Estado. Em 2012, o Estado contava com uma área de 246 hectares e produção de 8.565 toneladas. Dez anos depois, em 2022, a área chegou a 1.169 hectares, com produção de 59.506 toneladas. Em dez anos, a área do gengibre quadruplicou e a produção cresceu seis vezes se comparado ao ano de 2012.

De acordo com informações da Secretaria da Agricultura, Aquicultura, Abastecimento e Pesca (Seag), a produtividade média do gengibre no Estado é de 50,9 toneladas por hectare. Em 2022, a renda gerada com o gengibre que fica na propriedade rural foi de R$ 97,7 milhões, de acordo com apurações da Gerência de Dados e Análises da Seag e pesquisa experimental do IBGE/Painel Agro/Incaper.

A produção estadual de gengibre se concentra em oito municípios capixabas, sendo os três mais significativos na produção de 2022: Santa Maria de Jetibá, com 28.800 toneladas (48,39%); Santa Leopoldina, com 18.000 toneladas (30,25%); e Domingos Martins, com 8.280 toneladas (13,91%).

Gengibre no Youtube do Incaper
Por meio do canal do Instituto no YouTube, será publicada uma série de vídeos sobre a cultura do gengibre. Serão tutoriais, em três episódios, destacando os processos de plantio, manejo e colheita da raiz. O primeiro foi publicado nesta quinta-feira (11). Confira neste link!

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