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Se é Páscoa, tem festa no sítio Vovó Suzana, na localidade de Rio Fundo, zona rural de Marechal Floriano. Há 61 anos, o cantinho da família Mill é o lugar onde se reúnem todos os parentes e amigos que, já sabendo da tradicional festa, nem precisam receber convite.Tudo começa na quinta-feira Santa, quando parte da família chega ao sítio. Todos os ingredientes para a famosa torta capixaba são checados. O palmito é cultivado e colhido no próprio sítio.
Na sexta-feira da Paixão, bem cedinho, Bete Mill dá início à preparação das tortas, que ficam prontas na hora do almoço. “Já fica tudo preparado. É isso que eu gosto de fazer. Gosto de cozinhar e ver todo mundo comendo torta. É isso que me deixa feliz”, diz Bete, que tem a ajuda de outros familiares para preparar a comida que vai servir a, aproximadamente, 60 pessoas.
“Eu nem sou mais convidado. Na minha agenda, já fica marcado, todo ano, o almoço de sexta-feira Santa, aqui no sítio da família Mill”, afirma Pedrinho Raul Hope, que participa do almoço, junto com a esposa e os filhos, há mais de 10 anos.
No sábado de Aleluia, no final da tarde, é hora de preparar os ninhos. Entre as crianças, a expectativa é grande. É nas cestas enfeitadas com flores que o “coelho” vai deixar os ovos. Ninguém escapa. Seja adulto ou criança, todos têm que fazer os ninhos.
Enquanto isso, em um local bem escondido das crianças, cerca de 60 ovos de galinha são tingidos de várias cores. “Essa é uma tradição alemã, que minha avó Suzana fazia. Depois, minha mãe herdou a missão. E nós, netos, não vamos deixar de fazer nunca. Precisamos preservar as nossas raízes”, destacou a professora e primeira neta da família, Richi Suzana.
Depois que os ninhos estão prontos, começa a festa do coelho. O advogado Luiz Augusto Mill – o primeiro filho do casal vovó Suzana e vovô Luiz Mill – é o responsável por trazer os coelhos de verdade, que fazem a alegria da criançada e dos adultos.
“Este ano, trouxe quatro coelhinhos. Depois que os ninhos estão prontos, eu me aproximo, falo que vi o coelho na estrada, e digo que ele já está por perto. Espero o melhor momento de dar o grito: ‘Olha o coelho ali!’, e saio correndo. As crianças vão todas atrás de mim. Os coelhinhos são colocados no gramado ao lado da casa”, conta o advogado.
Os “orelhudos” encantam a todos. São várias máquinas fotográficas e centenas de fotos feitas todos os anos. Tudo cuidadosamente registrado pela família.
Mas a festa não acaba aí. Lembram-se dos ninhos, que são colocados na varanda? Pois bem. O “Coelho da Páscoa” entra em ação na manhã de domingo, bem cedinho. Lá são colocados os ovos de chocolate. Coloridos e de tamanhos variados, eles enfeitam e adoçam o dia da Páscoa.
Mas o que as crianças mais gostam são dos ovos de galinha pintados, que se tornaram conhecidos como os famosos “ovos de coelho”. Eles são escondidos pelo jardim, em volta da casa. A diversão é garantida com a caça aos ovos.
“O que nos deixa felizes é receber as pessoas amigas da família. Gente que não conhece a nossa festa e que, muitas vezes, vem de longe para participar e ficar com a gente na Semana Santa. Páscoa é um momento de celebração, de união e de reflexão. E nós conseguimos reunir tudo isso com a festa realizada pela nossa família”, diz Theresinha Mill.
A lenda dos ovos de Páscoa
Eles são coloridos, deliciosos e têm tamanhos variados. Encantam a todos, não importa se é criança ou adulto. Mas você sabe de onde surgiu a lenda dos ovos de Páscoa? Você sabe por que se diz que eles são trazidos pelos coelhos?
Há uma história que diz que a lenda do coelho que entrega os ovos de Páscoa surgiu, possivelmente, na Alemanha. Não há registros escritos que comprovem isso, mas as pessoas daquela região contam que havia por lá uma mulher muito pobre. Ela não podia dar um presente especial para os filhos na Páscoa. Então, pegou e coloriu alguns ovos. A mulher escondeu os ovos pintados dentro de um ninho, para surpreender as crianças.
No momento em que os filhos encontraram os ovos, um grande coelho passou correndo perto do ninho. Aí, as crianças pensaram que o bichinho havia deixado o presente colorido para elas. Depois disso, a tradição dos ninhos e dos ovos de Páscoa se espalhou pelo mundo!