quinta-feira,
27 de novembro de 2025

Saúde

ES lidera no Brasil tratamento de AVC com menor taxa de mortalidade no SUS

Redação

O Hospital Estadual Central (HEC), em Vitória, alcançou um marco histórico no tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico agudo, consolidando-se como a principal referência pública no procedimento de trombectomia mecânica no Brasil. De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, entre janeiro e maio de 2025, o Espírito Santo foi o estado com o maior número de procedimentos realizados no Sistema Único de Saúde (SUS), registrando 133 trombectomias —, o que representa 35,2% do total nacional de 377 procedimentos. Além disso, o Estado obteve a menor taxa de mortalidade entre os estados com números significativos, com apenas 11%, quase metade da taxa registrada em São Paulo (19,9%) e Ceará (20,9%).

A trombectomia mecânica é um procedimento médico utilizado para remover coágulos (trombos) que bloqueiam os vasos sanguíneos do cérebro, causando um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Durante a cirurgia, um dispositivo é usado para “puxar” o coágulo e restaurar o fluxo de sangue, ajudando a prevenir danos cerebrais graves e melhorar as chances de recuperação. É um tratamento de emergência, feito logo após o início do AVC.

Na avaliação do neurocirurgião e coordenador do serviço de Neurocirurgia e Neurorradiologia Terapêutica do HEC, Leandro de Assis Barbosa, o sucesso do hospital é resultado de um projeto bem estruturado e do comprometimento contínuo de toda a equipe. Ele explica que um dos principais fatores desse êxito está na linha de cuidado integrada. “A parceria com o SAMU 192 é fundamental. A equipe de neurologia é notificada antes mesmo da chegada do paciente, permitindo o preparo e a ativação do ‘Código AVC’ em tempo recorde. Essa articulação permite uma resposta rápida e eficaz, essencial para o sucesso do tratamento”, destaca o médico.

Outro aspecto crucial, segundo Barbosa, é a disponibilidade contínua de uma equipe multidisciplinar, sempre disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, formada por neurologistas, neurocirurgiões, neurorradiologistas, anestesistas e profissionais de enfermagem e UTI especializados. “Essa dedicação, aliada a protocolos rigorosos e treinamento constante, assegura a chance de que os pacientes não percam a janela crítica para o tratamento”, explica.

O impacto desse sucesso vai além dos números. Para Leandro de Assis Barbosa, ser líder nacional não só em volume de procedimentos, mas também em qualidade, é uma conquista significativa. “Isso mostra que o Espírito Santo estabeleceu um novo padrão de excelência no tratamento do AVC no SUS. O cidadão capixaba tem acesso a um tratamento de ponta, com chances de recuperação que estão entre as melhores do mundo”, afirma. Esse avanço, segundo ele, além de salvar vidas, tem um impacto social e econômico importante, pois reduz o número de pacientes com sequelas graves e incapacitantes, proporcionando um retorno mais rápido à vida ativa.

Reforçando essa visão, o diretor técnico da unidade, o médico Marcelo Torres, destaca os resultados alcançados: “É com orgulho que afirmamos que, diante desses resultados, nosso hospital se consolidou como um dos principais centros de tratamento do AVC no Brasil e no mundo, com o menor índice de mortalidade do País.”

Segundo Torres, esse desempenho é resultado de uma gestão focada na excelência assistencial com investimento em tecnologia e qualificação da equipe. “Seguimos comprometidos com o mais alto padrão de cuidado em neurorradiologia intervencionista, priorizando desfechos clínicos e a segurança do paciente”, ressalta.

O HEC planeja realizar cerca de 320 trombectomias até o final de 2025, com foco na expansão da capacidade de atendimento, investimento em pesquisa de inovação, otimização dos fluxos e no treinamento contínuo das equipes. Além disso, o hospital intensificará a conscientização da população sobre os sinais do AVC para garantir respostas rápidas.

“Achei que ia perder meu bebê e minha vida”

Uma história desafiadora que faz parte dessas conquistas do HEC na excelência em oferta de Trombectomia mecânica foi a realização do exame em uma grávida moradora da zona rural de Santa Maria de Jetibá: Alcione Medenvald estava nos últimos dias da gravidez quando sofreu um AVC. “Eu nem sabia direito o que era isso. Na roça, a gente ouve falar, mas nunca pensa que vai acontecer com a gente”, relembra.

No hospital da cidade, ouviu dos médicos que corria risco de morte — ela e o bebê. Foi transferida com urgência para o Hospital Estadual Central (HEC), onde passou por uma trombectomia mecânica. “Achei que ia perder meu bebê e minha vida”, diz. No entanto, após nove dias internada, Maria recebeu alta sem sequelas e com o bebê saudável nos braços. “Me recuperei muito bem, sem sequelas. Fui muito bem cuidada, tanto pelos médicos quanto pelos enfermeiros”, comenta.

Simpósio Capixaba de AVC

Nestas quinta-feira (21) e sexta-feira (22), acontece a 8ª edição do Simpósio Capixaba de AVC — iniciativa consolidada como referência nacional na formação de profissionais e disseminação de conhecimento científico sobre o Acidente Vascular Cerebral (AVC), uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. 

Promovido pela Fundação iNOVA Capixaba, por meio do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação da Fundação (CEPiNOVA), e pela Secretaria da Saúde (Sesa), o simpósio reúne profissionais de saúde, pesquisadores, estudantes e gestores, promovendo debates e atualizações sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação do AVC, além de incentivar a troca de experiências entre diferentes instituições e áreas do conhecimento. 

O diretor-geral da Fundação iNOVA, Rafael Amorim, destaca a importância da contribuição de eventos como esse para o cenário científico. “A ideia é investir em conteúdo que aprimorem ainda mais a saúde capixaba, promovendo, assim, informação sobre acesso a tratamentos, por exemplo”, frisou.

“Mais do que um espaço de formação, o simpósio busca conscientizar sobre fatores de risco, sinais de alerta, prevenção e estratégias eficazes de manejo do AVC, reforçando o compromisso da iNOVA Capixaba e da Sesa com a qualidade do cuidado à população”, pontuou o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann. 

Programação 

A programação foi cuidadosamente estruturada para oferecer uma abordagem ampla e atualizada sobre os principais desafios relacionados ao AVC, aliando conteúdo técnico-científico de excelência a experiências práticas e interdisciplinares. 

– Dia 21 de agosto – Inovação e reabilitação em foco

O primeiro dia trará debates sobre novas abordagens clínicas e cirúrgicas no tratamento do AVC. A programação abordará também o tema da reabilitação, com profissionais das áreas de fonoaudiologia, fisioterapia e neuropsicologia discutindo estratégias para a recuperação funcional de pacientes. Também será realizada a primeira sessão de apresentação de trabalhos científicos, incentivando o desenvolvimento acadêmico.

– Dia 22 de agosto – Multidisciplinaridade e enfoque cardiovascular

No segundo dia, serão debatidos temas, como as atualizações nos tratamentos clínicos do AVC isquêmico e hemorrágico, e ainda terá uma abordagem multidisciplinar do AVC, com ênfase nas causas e complicações de origem cardiovascular. À tarde, haverá nova rodada de apresentações científicas.

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