Redação
A disputa pelo Palácio Anchieta em 2026 começou a ganhar forma com a divulgação da nova pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, nesta segunda-feira (2). O levantamento, que também mede a aprovação do governo Renato Casagrande, foi registrado no TSE sob o número ES-03129/2025 e ouviu 1.522 eleitores em 45 municípios capixabas entre os dias 28 e 31 de maio. Os números revelam um cenário apertado no topo, com uma base governista que segue ditando o ritmo do jogo.
Quem analisa os dados é o estatístico Chico Nascimento, especialista em comportamento eleitoral. Para ele, a pesquisa revela uma disputa que vai além dos percentuais.
“Há dois campos bem estabelecidos: de um lado, a continuidade da gestão Casagrande; do outro, uma oposição moderada que ainda busca identidade. E no meio disso tudo, um eleitorado que observa com atenção quem entrega resultado e oferece estabilidade”, pontua.
No cenário estimulado, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, aparece na liderança com 26,1% das intenções de voto. Logo atrás está o vice-governador Ricardo Ferraço, com 21,7%, configurando um empate técnico dentro da margem de erro de 2,6 pontos percentuais.
Outros nomes da base do governo também foram incluídos no levantamento:
- Sergio Vidigal (secretário estadual de Desenvolvimento): 11,1%
- Arnaldinho Borgo (prefeito de Vila Velha): 8,6%
- Da Vitória (deputado federal): 6,6%
- Euclério Sampaio (prefeito de Cariacica): 5,8%
- Helder Salomão (deputado federal): 4,5%
Somados a Ferraço, esses pré-candidatos alcançam 58,3% das intenções de voto.
“Esse dado mostra com clareza onde está o epicentro da articulação política no Espírito Santo hoje. A base do governo continua sendo o eixo dominante”, avalia Chico.
Nos bastidores, os movimentos de alianças seguem em curso. Euclério e Da Vitória já se alinharam publicamente com Ferraço. Vidigal, embora sem declaração oficial, é tratado como aliado próximo. Arnaldinho mantém sua pré-candidatura em aberto — o que vem sendo interpretado como estratégia pessoal. O PT, por sua vez, pode seguir com um nome próprio.
Aprovação do Governo Casagrande
O diferencial de Ferraço está na sua vinculação direta à base de Renato Casagrande, cuja gestão entra em seu penúltimo ano com 80,1% de aprovação.
“É um trunfo relevante. Casagrande tem uma aprovação transversal — entre jovens, idosos, homens, mulheres, trabalhadores, aposentados e em todas as escolaridades. Esse tipo de avaliação abre espaço real para transferência de prestígio”, analisa o especialista.
O impacto dessa aprovação é direto: 65,2% dos eleitores classificam a gestão como “ótima” ou “boa”.
No recorte por gênero, a diferença é mínima: 80,4% dos homens aprovam a administração Casagrande, enquanto entre as mulheres esse índice é de 79,8%. A aprovação também se distribui de forma consistente entre as faixas etárias. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o governo é aprovado por 81,9%. Na faixa dos 25 a 34 anos, a aprovação é de 78,9%. Entre os eleitores de 35 a 44 anos, o índice chega a 78,1%; dos 45 aos 59 anos, sobe para 80,4%; e entre os que têm 60 anos ou mais, alcança 81,8%.
A ocupação também não altera esse padrão. Casagrande tem 79,2% de aprovação entre os economicamente ativos e 82,1% entre os inativos — grupo que inclui aposentados, donas de casa e estudantes.
Entre os eleitores com até o ensino fundamental, a aprovação do governo atinge 82,7%, o maior índice entre os níveis de escolaridade. No ensino médio, o percentual é de 79,5%, e entre os que possuem ensino superior, 77,4%.
“Quando observamos o conjunto dos indicadores, o que se destaca é a homogeneidade da aprovação. Não há um único grupo que destoe significativamente. Trata-se de uma base sólida e distribuída socialmente”, aponta Chico Nascimento.
Espontânea
A força dessa aprovação também se reflete no cenário espontâneo de intenção de voto para governador, quando o eleitor responde sem estímulo de nomes. Casagrande lidera com 11,4% das citações, mesmo sem poder disputar um terceiro mandato. Supera com folga Pazolini (4,3%) e Ferraço (2,9%).
“Ele ainda é o nome que surge primeiro na lembrança dos eleitores. Isso tem peso quando se fala em sucessão”, observa Chico.
Desafios
“Pazolini precisa ampliar sua presença no interior e dialogar melhor com segmentos mais tradicionais. Falta mais corpo a corpo pelo estado — e ele ainda depende de apoios regionais para deslanchar fora da capital. Já Ferraço precisa ativar com mais intensidade seus aliados nas cidades, o que deve acontecer quando nomes como Euclério, Vidigal e, possivelmente, Arnaldinho entrarem em campo. Além disso, ele precisa romper com uma comunicação excessivamente institucional e apresentar um projeto com identidade própria — que vá além da simples ideia de continuidade”, avalia Nascimento.
Rejeição
Nas taxas de rejeição, o cenário reforça o equilíbrio entre os dois primeiros colocados. Pazolini tem uma leve vantagem, com 11,0% de rejeição, contra 12,0% de Ferraço. Os demais nomes apresentam índices mais elevados: Helder Salomão lidera com 20,2%, seguido por Da Vitória (18,0%) e Sergio Vidigal (17,9%). Euclério tem 11,2% e Arnaldinho, 10,2%. Esses dados indicam quem tem mais margem para crescer à medida que a disputa se afunila.
Ficha técnica da pesquisa
Instituto: Paraná Pesquisas
Registro no TSE: ES-03129/2025
Entrevistados: 1.522 eleitores
Margem de erro: 2,6 pontos percentuais
Nível de confiança: 95%
Período de coleta: 28 a 31 de maio de 2025
Abrangência: 45 municípios do Espírito Santo
Contratante: Midia