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02 de agosto de 2025

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Santa Teresa é a primeira cidade italiana do Brasil

Em 17 de fevereiro de 1874 chegava ao porto de Vitoria o navio “La Sofia”, conduzindo 388 imigrantes italianos provenientes, em sua maior parte, da província de Trento. Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz. O empreendimento, porém, não prosperou, provocando descontentamentos e revoltas por parte dos colonos. Um grupo seguiu para colônias oficiais do sul do Brasil enquanto outros aceitaram a proposta do Governo do Espírito Santo para se instalar na “Colônia Imperial de Santa Leopoldina”, sendo direcionados ao Núcleo de Timbuhy, no atual município de Santa Teresa.

No acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) existem centenas de documentos que testemunham esse importante fato histórico para a imigração italiana. Dentre eles está um ofício que mostra a existência de imigrantes na região em outubro de 1874. Trata-se de um pedido de ressarcimento feito pelo colono Francesco Merlo encaminhado no dia 28 de outubro de 1874 ao Presidente da Província. Francesco solicita do Governo a restituição dos gastos que teve com a passagem da Itália à Colônia de Nova Trento, no valor de 122 fiorins, pelo fato de não ter sido reembolsado pelo contratante Pietro Tabacchi. O pedido foi deferido pelo Presidente da Província em 26 de fevereiro de 1875.

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No documento consta a seguinte informação: “Francesco Merlo, colono italiano estabelecido na Colônia de Santa Leopoldina, no Districto de Timbuhy à margem da estrada de Santa Thereza (…)”. Essa estrada interligava Vitória à Cuithé, em Minas Gerais, construída entre 1848 a 1857 e cruzava as serras capixabas seguindo o traçado do rio Timbuhy, onde se encontra a cidade de Santa Teresa, que recebeu esse nome devido à existência da citada estrada que cortava a localidade. A partir da descoberta desse documento confirma-se que o município sediou a primeira colônia de imigrantes italianos do Brasil. O documento será apresentado aos moradores na solenidade em comemoração aos 124 anos de emancipação política, que ocorrerá nesta sexta-feira (20), às 19h, no Museu Mello Leitão. Além da entrega a equipe do Arquivo Itinerante vai atender aos teresenses durante o final de semana fornecendo informações catalogadas na base de dados do projeto “Imigrantes Espírito Santo”.

A imigração Italiana no Espírito Santo

A primeira expedição de italianos para o Espírito Santo foi batizada com o sobrenome do seu idealizador, Pietro Tabacchi. De acordo com o sociólogo Renzo M. Grosselli, no livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, da Coleção Canaã do APEES, Tabacchi era um italiano oriundo de Trento que já se encontrava no Espírito Santo desde o início da década de 1850. Ao observar o interesse do Brasil pela mão de obra europeia ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação.

Após um longo período de negociação o Ministério da Agricultura autorizou a Província a firmar contrato com Tabacchi, que por sua vez enviou emissários ao Trentino (Tirol Italiano), à época sob o domínio austríaco, para capitanear famílias daquela região e do Vêneto. Assim, no dia 3 de janeiro, às 15 horas, partia do porto de Gênova o “La Sofia”. A chegada ao Espírito Santo ocorreu no dia 17 de fevereiro e o desembarque se prolongou até 27 do mesmo mês. Em 01 de março começou a viagem até o porto de Santa Cruz, em direção à propriedade de Tabacchi. Foi a primeira expedição em massa de camponeses da Itália para o Espírito Santo e daria início à epopeia emigratória dos italianos para o Brasil. Porém, os colonos logo perceberam que foram enganados por falsas promessas. Não existiam as terras preparadas e a situação nos alojamentos era caótica. Esses fatos, somados a uma difícil travessia pelo Atlântico, foram ingredientes que culminaram na primeira revolta.

A Expedição Tabacchi inaugura um novo movimento migratório. Desta vez, o foco dos agenciadores se concentra na península itálica, especialmente nas regiões norte-nordeste, de onde partiram aos milhares para diversos países do mundo e, em um número considerável, para o Brasil. A Itália recém-unificada era um país desconexo, com altas taxas demográficas e uma grande massa de desempregados.

Sem alternativas, muitos viajaram para realizar o “sonho da América”. Em 1875 as partidas dos transatlânticos de Gênova e de outros portos da Europa se tornaram rotinas. Para o Espírito Santo vieram 1.403 colonos nesse ano.

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