sábado,
13 de dezembro de 2025

Saúde

Varíola dos macacos: Brasil recebe insumos para iniciar desenvolvimento da vacina

Foto: Raphaella Dias | UFMG

 

Redação

 

Duas alíquotas-semente do Vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA) foram entregues nesta segunda-feira (05/9) no Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O material biológico chegou Brasil na sexta-feira (02), no aeroporto de Confins, em Minas Gerais. A ação é apoiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) por meio da RedeVírus MCTI. Esse é um primeiro passo para que o Brasil possa iniciar a pesquisa para produção em território nacional de uma vacina antivariólica, que tem ação para monkeypox.

 

O CT Vacinas está em processo para ser transformado em um Centro Nacional de Tecnologias em Vacinas MCTI, decorrente de um acordo firmado em 2021 entre a pasta ministerial e a UFMG. A medida ampliará a capacidade brasileira no desenvolvimento de vacinas.

 

O material biológico foi doado pelo Instituto Nacional de Saúde (National Institutes of Health – NHI), agência de pesquisa médica dos Estados Unidos, ao CT Vacinas da UFMG por meio de um Acordo de Transferência de Material Clínico (CMTA – Clinical Material Transfer Agreement).

 

As sementes do vírus vacinal, como são chamadas tecnicamente, serão utilizadas para a produção de lotes de vacina para a realização de testes pré-clínicos e clínicos no Brasil. As etapas fazem parte do processo de desenvolvimento de vacina. O material também é ponto de partida para o desenvolvimento nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), que é a matéria-prima para a produção vacinas, contra a varíola símia (monkeypox). Os estudos clínicos que serão realizados no País também contribuirão para confirmar a eficácia do uso do MVA como vírus vacinal para seres humanos no contexto do surto de monkeypox.

 

O CTVacinas receberá o lote e trabalhará em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos). Cada alíquota contém 0,2ml do vírus ultrapuro que foi produzido em boas práticas de fabricação e de laboratório, ou seja, apto para servir de base para produção de material que possa ser inoculado em seres humanos.

 

Os pesquisadores especialistas em varíola e responsáveis pelas pesquisas das duas instituições integram a RedeVírus MCTI e utilizarão o material biológico para iniciar pesquisas para avaliar a utilização da vacina contra o vírus monkeypox. O trabalho conjunto envolve a definição de protocolos e processos.

 

A iniciativa é uma das ações definidas como prioritária pelos pesquisadores brasileiros que integram a CâmaraPOX MCTI. Constituída em maio deste ano, o grupo formado por oito pesquisadores brasileiros especialistas em varíola e outros poxvírus assessora o MCTI sobre o assunto em relação à pesquisa, desenvolvimento e inovação.

 

O apoio da RedeVírus MCTI, por meio do financiamento pretérito que fomenta a pesquisa na área de vírus emergentes e reemergentes desde 2020, permitiu estabelecer as condições para que os integrantes da CâmaraPOX pudessem requisitar o vírus, incorporação, negociações para a produção no Brasil.

 

Varíola – A varíola humana foi erradicada no mundo na década de 1970 por meio da ação vacinal coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). À época, o MVA, que é uma espécie de ‘primo’ da varíola humana, foi um dos vírus utilizados nos programas de imunização. De acordo com os especialistas, são poucos laboratórios no mundo possuem esse vírus que é base para vacinas de 3ª geração. O MVA foi modificado na Alemanha por meio de ‘passagens’, pelo menos 500 vezes, em ovos de galinha de modo a ficar completamente atenuado, ou seja, sofreu mutações capazes de deixar o vírus adaptado ao hospedeiro aviário, mas que o tornou incapaz de se replicar produtivamente em seres humanos e outros mamíferos. Essas alterações permitem que ao ser aplicado no corpo humano no formato de vacina, o vírus produção de antígenos (induz resposta imunológica), mas não consegue se replicar. É o mesmo princípio da vacina que utiliza como base o adenovírus, utilizado para a produção de vacinas de combate à Covid-19.

 

RedeVírus MCTI – A RedeVírus MCTI foi instituída em fevereiro de 2020, antes mesmo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia do coronavírus. O comitê presta assessoramento técnico-científico ao MCTI sobre as estratégias e necessidades na área de ciência, tecnologia e inovação necessárias na área de saúde. A Rede está organizada em subredes que contemplam desenvolvimento de testes para diagnóstico, sequenciamento e monitoramento genômico, desenvolvimento de vacinas, monitoramento epidemiológico de animais e em águas residuais.

 

CT Vacinas – O CT-Vacinas é um centro de pesquisas em biotecnologia voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias ligadas à produção de kits de diagnóstico e vacinas contra doenças humanas e veterinárias. É também a sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas.

 

O CT Vacinas conduz pesquisas para desenvolver vacinas contra doenças como leishmaniose, malária, doença de Chagas e Covid-19. A vacina contra Covid-19, SpiN-Tec, que recebeu financiamento do MCTI, aguarda autorização do órgão regulador brasileiro para iniciar os testes clínicos. A vacina contra malária, que também conta com apoio do MCTI, aguarda a realização dos testes de segurança, um dos últimos pré-requisitos antes dos ensaios clínicos.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site, e nos reservamos o direito de excluir. Não serão aceitos comentários que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Confira mais Notícias

Saúde

Anvisa assina compromisso com Butantan para viabilizar a primeira vacina brasileira contra a dengue

Saúde

Alfredo Chaves confirma caso de meningite bacteriana

Saúde

Entre 2024 e 2025, ES contabilizou mais de 12,5 mil mortes por problemas cardiovasculares

Saúde

ES se mantém no ranking nacional de cobertura vacinal da gripe

Saúde

ES registra mais de 24 mil casos e primeira morte por dengue em 2025

Saúde

ES lidera no Brasil tratamento de AVC com menor taxa de mortalidade no SUS

Saúde

Aumento de infecções por rinovírus nas últimas semanas acende alerta no ES

Saúde

Hemoes registra baixa nos estoques de sangue em sua rede no Espírito Santo e pede ajuda à população