segunda-feira,
02 de junho de 2025

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Álcool e drogas estão ligados a mais de 40% das mortes no trânsito, aponta levantamento da Polícia Científica do ES

Redação

A Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) divulgou, nessa terça-feira (27), o Painel Pericial de Sinistros de Trânsito, que compila dados de vítimas que faleceram no trânsito e estavam sob efeito de álcool e drogas. O estudo, inédito no Brasil, analisou laudos do Laboratório de Toxicologia Forense (LabTox), emitidos entre os anos de 2013 e 2023, a partir de vítimas que deram entrada no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória, e constatou que 42% das vítimas fatais de sinistros de trânsito haviam consumido álcool e/ou drogas antes do incidente.

Os dados foram divulgados para a imprensa em entrevista coletiva, realizada na sede do Instituto de Laboratórios e Análises Forenses (ILAF), da PICES. Na oportunidade, o perito-geral da PCIES, Carlos Alberto Dalcin, destacou a importância do estudo para subsidiar políticas de segurança no trânsito.

“Em 2024, com a redução histórica de óbitos por homicídios, o trânsito passou a ter destaque entre as causas violentas de mortes no Espírito Santo e o Estado, por meio do Programa Estado Presente em Defesa da Vida, passou a dedicar especial atenção a esta temática. Os dados que compõem este painel foram solicitados pela Secretaria do Governo (SEG), por meio da Subsecretaria de Estado de Políticas Sobre Drogas, e agora são dados abertos, acessíveis à população em geral, que ajudam a compreender o que acontece nas nossas estradas, direcionando os esforços públicos por um trânsito mais pacífico”, destacou Dalcin.


Dados do Painel Pericial

O Estudo considerou óbitos no trânsito registrados entre 2013 e 2023, em que os corpos das vítimas foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de Vitória. As vítimas são oriundas de sinistros de trânsito ocorridos na Região Metropolitana de Vitória, além dos municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Santa Leopoldina e Ibiraçu.

No período do estudo, os sinistros de trânsito foram a terceira maior causa de mortes, totalizando 3.559 vítimas. Dessas, 2.622 casos foram encaminhados para o Laboratório de Toxicologia Forense (LabTox), onde foram submetidos a testes para identificar substâncias entorpecentes nos corpos.

A perita Mariana Dadalto, chefe do LabTox e autora do estudo, explicou que, com o uso de Inteligência Artificial, filtrou os dados dos laudos emitidos pelo IML e cruzou com os resultados dos exames realizados pelo LabTox. A análise demonstrou que 42,2% dos resultados foram positivos para o uso de substâncias psicoativas, o que representa 1.106 vítimas. A substância mais detectada foi o álcool, presente em 32,3% dos casos positivos, seguida por cocaína (11,1%), canabinoides (8,4%) e anfetaminas (0,6%).

O perfil demográfico das vítimas apresenta predominância de pessoas pardas do sexo masculino, sendo a faixa etária mais prevalente a de 18 a 24 anos. Na faixa etária de 25 a 44 anos, mais da metade dos casos analisados apresentaram positividade para substâncias psicoativas. A faixa etária de 30 a 34 anos teve a maior proporção de casos positivos para cocaína, enquanto entre os mais jovens (18 a 24 anos) houve maior porcentagem de positividade para canabinoides.

“Historicamente, o percentual de 40% a 45% de vítimas fatais de acidentes de trânsito com uso de álcool e/ou cocaína, maconha ou anfetaminas se mantém no Espírito Santo desde 2011. Esse dado indica que a população não compreendeu, ao longo dos anos, os riscos do consumo de álcool e outros entorpecentes antes de pegar o trânsito”, explicou a chefe do LabTox, Mariana Dadalto.

Metanfetamina em motorista de caminhão

Também foi o LabTox que identificou pela primeira vez, em 2024, a presença de metanfetamina no organismo de um motorista de caminhão de 27 anos que morreu em uma colisão, em novembro de 2024. O sinistro envolveu dois caminhões, na BR-101, na localidade de Jacupemba, em Aracruz.

O caso foi apresentado na coletiva de imprensa, como um alerta para a circulação da substância no Espírito Santo. A diretora do Instituto de Laboratórios e Análises Forenses, Caline Airão Destefani, explicou que o resultado obtido pelo LabTox vai ao encontro das análises realizadas em outro setor da PICES, o Laboratório de Química (LabQuim), que começou a identificar a substância em comprimidos em 2024.

“O LabQuim faz a análise química de todas as drogas apreendidas no Espírito Santo, inclusive os chamados rebites, que são comumente utilizados pelos motoristas. Desde 2024, temos observado que esses comprimidos estão vindo com metanfetaminas, uma substância que não aparecia nesses produtos. O caso identificado pelo LabTox corrobora o cenário que o LabQuim vem observando nas apreensões de drogas no Espírito Santo”, afirmou Caline Airão Destefani.

O perito Cesar Rezende, do LabQuim, explicou que esses comprimidos são produzidos em laboratórios clandestinos, sem qualquer tipo de controle e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por isso, podem conter desde estimulantes simples, como cafeína, até substâncias proibidas no Brasil, como a metanfetamina.

Segundo dados do Laboratório de Química Forense (LabQuim), a metanfetamina já circulava no Espírito Santo como droga recreativa, somando 24 apreensões registradas, com um total de mais de 594 unidades da substância em diferentes formas de apresentação. A droga na forma de comprimidos embalados em blisters passou a ser encontrada em 2024 com o nome comercial de “Nobesio”.

“A metanfetamina é um estimulante potente, que atua no sistema nervoso central, e, no caso de motoristas, pode causar prejuízos, como aceleração do veículo pelo motorista, dificuldade de frenagem, visão turva e diminuição do reflexo, o que pode culminar em um acidente. É um estimulante totalmente clandestino no Brasil e seu maior problema é a dependência que o produto causa, pois é extremamente estimulante e a cada vez a pessoa precisa de doses maiores”, afirmou o perito Cesar Rezende

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