Redação
A manhã desta terça-feira, 27 de maio, foi marcada por forte comoção e profunda espiritualidade na Capela Nossa Senhora da Penha, na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim. Completamente lotada, a capelinha recebeu a Missa de Corpo Presente de Irmã Maria Joana Otília, religiosa do Instituto das Irmãs de Jesus na Eucaristia, que dedicou mais de meio século ao cuidado dos enfermos e ao consolo das almas aflitas.
A Celebração Eucarística foi presidida por Dom Luiz Fernando Lisboa CP, bispo diocesano de Cachoeiro, com concelebração dos padres José Carlos Ferreira da Silva, Vigário Episcopal para a Comunicação, e Evaldo Praça Ferreira, Vigário Episcopal para a Ação Social e ex-superintendente da Santa Casa Cachoeiro. Fiéis de todas as idades, alunos e funcionários do Colégio Jesus Cristo Rei (CREI), funcionários da Santa Casa, além de muitos cidadãos tocados por sua presença ao longo dos anos, lotaram o espaço para prestar suas homenagens.
O clima era de luto, mas também de profunda gratidão. À entrada da funerária, logo ao descer do carro, o caixão branco foi recebido com honras: os funcionários da Santa Casa formaram um corredor humano e aplaudiram a passagem da urna, numa demonstração espontânea de amor e respeito.
“Ela foi uma mulher que se fez Eucaristia viva. Uma consagrada que não falava muito com palavras, mas com atitudes, com presença, com amor. Sua vida foi inteiramente ofertada aos pobres e doentes”, disse Irmã Judete Alves, Superiora do Instituto das Irmãs de Jesus na Eucaristia. “Mesmo no fim, ela não derramava lágrimas de dor, mas de emoção, ao sentir o carinho que recebia. [Ela] estava consciente, serena e dizia sempre que sua vida estava entregue à Jesus e a Nossa Senhora”, afirmou.
Dom Luiz Fernando que, interrompeu uma viagem pastoral ao receber a notícia do falecimento, destacou a grandeza espiritual da religiosa: “Ela era pequena no corpo, mas gigante na fé. Irradiava Deus. A presença dela nos leitos da Santa Casa era como se o próprio Cristo estivesse ali, consolando. Todos no sul do Espírito Santo têm uma história com ela. E é por isso que cremos que [ela] está com o Senhor, pois viveu com plenitude o que diz o Evangelho: Estava doente, e vieste me visitar”, afirmou o bispo.
O velório segue ao longo do dia, marcado por muitos gestos de carinho. Alunos do CREI formaram uma fila para prestar homenagens. Entre eles, o estudante Maurício Mesquita Júnior, do 3º Ano do Ensino Médio que, emocionado, lembrou da irmã: “Eu a conheço desde a pré-escola. Ela tinha um abraço diferente, uma palavra diferente. Ela não nos via como simples alunos, nos via como filhos. Quando estávamos ansiosos, ela dizia: Vai passar, meu filho. Eu vou rezar por você. E aquilo acalmava. Era real”, comentou.
Segundo a Diocese de Cachoeiro, Irmã Otília demonstrava sinais de despedida dias antes de sua morte. No sábado, 24, durante visita do padre José Carlos Ferreira da Silva, ela disse que “Nossa Senhora estava vindo buscá-la”, em um pressentimento que se concretizaria dois dias depois.
“Conhecida por sua devoção e dedicação aos enfermos, Irmã Otília era um pilar de fé e esperança para os pacientes da instituição e de todo o povo católico de Cachoeiro. Era um hábito diário visitar todos os internados, oferecendo não apenas conforto, mas também a oração do Terço Mariano e a Sagrada Eucaristia. Sua presença era um bálsamo para os mais necessitados, e seu legado de serviço e caridade permanecerá vivo na memória da Santa Casa e de todos que tiveram o privilégio de conhecê-la”, diz nota divulgada pela instituição.
A freira conhecida como o “Anjo Branco de Cachoeiro”, morreu na tarde desta segunda-feira, 26, aos 91 anos. A morte da religiosa foi informada pela Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Ela lutava contra um câncer no fígado, diagnosticado há 18 dias.
Velório e Sepultamento
Terça-feira (27/05): das 7h às 21h, na capela da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim.
Quarta-feira (28/05): a partir das 6h, na Catedral de São Pedro. Às 9h será celebrada a missa de corpo presente.
O sepultamento ocorrerá em seguida, às 10h30, no cemitério do bairro Coronel Borges.