quarta-feira,
08 de maio de 2024

Um exímio pesquisador de Marechal Floriano/ES

Giovana Schneider: Escritora, poeta, contista e colunista. Ocupante da cadeira de nº 06 da AFHAL (Academia Florianense de História, Artes e Letras “Flores Passinato Kuster”).

 

Giovana Schneider

 

Vamos falar de uma pessoa que tem a história na memória. Foram anos de incansáveis pesquisas, e que ainda continuam…como costumo falar, um “dedo de prosa” com ele, você faz uma viagem maravilhosa, é daquelas prosas que fazem a gente ficar pensando, mesmo depois de terem terminado. Tive contato com Jair Littig pela primeira vez, foi através do Messenger, isso em 2014, estava colocando algumas postagens no meu blog, mas já pensando no livro de Marechal, ele foi muito solícito, e gentil. 

 

 

Depois deste primeiro diálogo, de lá para cá, sempre estamos nos falando. E pensando na importância do seu trabalho, nada mais justo que escrever aqui um pouco deste florianense que tem feito a diferença com suas pesquisas, elas são maravilhosas. Como o caro amigo, e Nobre acadêmico Valmere Klippel Santana o classificou em sua página — Um verdadeiro ”oráculo” quando se trata da imigração germânica à Colônia de Santa Isabel, nas montanhas capixabas. 

 

 

Jair Littig

 

Foto divulgação da Câmara Municipal de MF

 

Nasceu em 10 de setembro de 1948, na então Vila de Marechal Floriano. Filho de Guilherme Eduardo Littig e Carlota Johanna Hülle. Casado com Maria do Socorro Souza Lobo. Atualmente mora com a família em São Luiz/MA. Já foi técnico do aspirante do América Futebol Clube de Marechal Floriano, e também um grande torcedor. É um pesquisador da imigração germânica, italiana e dos brasileiros que aqui em Marechal vieram residir.

 

 

Família Rupf

 

 

 

Agência dos correios de 1950 até 1976

 

(Neste local, agora temos um prédio, fica na rua Drº Arthur Gerhardt).

 

 

Relato do próprio Jair, da época que trabalhou no correio:

 

“Tempo em que trabalhei na agência dos Correios de Marechal Floriano. Entre 1964 até 1967 trabalhei como contratado para a Empresa dos Correios e Telégrafos. Minha função era receber e expedir malotes nos trens da RFFSA. Na ocasião havia uma possiblidade de ter concurso nos correios, quem era contratado, tinha grandes chances de ingressar na empresa. Porém o regime militar cancelou. Assim mesmo fiquei um bom período. Além dos malotes, fazia todo serviço referente aos correios.

 

A agência de Marechal dava lucro, pois seu faturamento mensal pagava tudo, e ainda sobrava dinheiro. Atendia a Marechal, Costa Pereira, Alto Batatal, partes de Rio Fundo, Soído de Baixo, Boa Esperança, Nova Almeida, partes de Paraju, Vitor Hugo, Aracê e Fazenda do Estado.

 

O maior volume eram as cartas. Assinaturas de jornais como Correio da Manhã, A Gazeta, O jornal, Jornal do Brasil, Jornal de Aparecida. Comprava-se muito pelo catálogo Hering, sapatos vindos de Franca, São Paulo. Como não havia bancos, utilizavam-se muito, enviar dinheiro pelo correio.

 

Nos anos sessenta todos os dias recebíamos e espedíamos malotes vindo de Vitória, pelo noturno das 11:00 horas, misto vindo de Cachoeiro, chegando as 13:30 horas e o noturno vindo do Rio as 16:40 horas. A partir de 1969, o misto retirou-se de linha. 

 

Nos trens havia um vagão apropriado, conduzido por um estafeta. Um dos mais famosos foi o Machado. Pessoa muito conhecida, pois através do Machadão, como era conhecido, comprava-se jornais do Rio, revista O Cruzeiro e gibis.

 

Na ocasião havia muitas reclamações de desvios de cartas, mesmo sendo registrada, quando extraviava, não conseguia recuperar. Era comum na época colocar dinheiro em carta simples, pois o valor da taxa era mínimo. Muitas vezes a carta não chegava ao seu destino”.

 

 

Mapa da Vila Braço do Sul em 1862, conforme relato de João Kuster, filho do imigrante suíço Jacob Kuster, que chegou em 1862. 

 

Suas pesquisas tiveram início em 1970, quando fez um levantamento sobre as famílias Littig e Hülle.

 

(Bodas de Ouro de Johann Littig I. Sábado, 13 de novembro de 1909, comemorou com uma grande festa na sua residência, em Marechal Floriano, seus 50 anos de casado. O culto foi realizado na sua residência, pelo pastor Hugo Hädrich. Acervo família Carlos Littig V. Fotografo Gottlieb Faller).

 

E assim outros trabalhos foram surgindo:

 

— Biografia dos dois primeiros prefeitos de Santa Isabel (Philipp Endlich e Chistian Bruske).

— História da Igreja Luterana de Campinho/DM.

— Família Kuster (Suiça).

— 150 Anos da chegada dos primeiros imigrantes luteranos na região do Soído.

— Biografia do engenheiro Adalbert Jahnn

— História da estrada de ferro Sul Espirito Santo, no município de Santa Isabel.

— Levantamento das famílias imigrantes da Colônia de Santa Isabel, até a terceira geração.

— Igreja de Sant’Ana de Marechal Floriano – História 

— Estação Ilustres Passageiros 

— América Futebol Clube MF 60 Anos (1957 – 2017)

— Família Littig Johann Littig 1º e seus descendentes 

— Luteranos de Boa Esperança

— Os Brummer da Colônia de Santa Isabel/ES. 

 

Quem foram os Brummer?

 

Na guerra contra Oribe e Rosas 1851-52, o Brasil teve de enfrentar aqueles ditadores do Uruguai e Argentina e para tal contratou na alemã uma Legião Prussiana de cerca de 1800 soldados aproveitando a desmobilização do Exército do condado de Sheleswig -Holstein que fora organizado para guerrear a Dinamarca. A Legião era formada pelo 15o Batalhão de Infantaria, um Batalhão de Artilharia e duas Companhias de Sapadores.

 

Estes alemães passaram a história como os brummer (significando rezingões).

 

Ao término da guerra a maioria se fixou nas colônias alemãs gaúcha, onde prestaram vigoroso concurso ao progresso do Rio Grande do Sul pelo alto padrão cultural e social que detinham.

 

Tem estas citadas, e muitas outras pesquisas. Jair Littig, é uma pessoa muito generosa, uma frase dele que achei muito especial: — “As histórias foram feitas para serem divulgadas” — E é isso que ele faz. 

 

A respeito de uma exposição que fizemos, “Águas de Marechal”, seu comentário marcante: — Vi a propaganda da exposição. Muito legal. O Rio Braço do Sul representa tudo para Marechal Floriano. Não foi por acaso que Adalbert Jahnn escolheu um local para fundar uma nova vila, na beira de um rio. Jair

 

 

Em maio de 2018 recebeu uma Moção de Aplausos na Câmara Municipal de Marechal Floriano. Proponente Vereador Felipe DelPuppo, em reconhecimento da importância das suas pesquisas. Estive presente nesta ocasião para prestigiá-lo. 

 

Foto divugação Câmara Municipal MF

 

Ele é Acadêmico correspondente da AFHAL (Academia Florianense de História, Artes e Letras “Flores Passinatto Kuster”). Sua posse aconteceu sábado (18/03) — Sede Administrativa da AFHAL. Na ocasião da abertura dos trabalhos 2023 com a “Sessão do Chá”. 

 

Foto divulgação AFHAL 

 

Falar do Jair Littig é uma honra. Quando fiz o poema “Imigrantes”, lembrei das histórias que havia ouvido dele, das mortes nos navios, de corpos lançados ao mar. Das lutas ao chegarem na terra estranha, e de outras situações. 

 

IMIGRANTES

 

Imigrantes da vida,

Que para onde forem levem sempre o Amor,

Partem, não sabendo o que vão encontrar,

Enfrentam a vida e o medo,

Vão para não mais voltar…

As suas causas são muitas,

Do resultado desta jornada,

O que esperam…

É o acolhimento encontrar,

Imigrantes,

Muitas batalhas vão enfrentar,

Mesmo sabendo,

Que há o mar para atravessar,

Sendo peregrino em uma terra estranha,

Mas o sonho de uma vida melhor,

Faz o medo se afastar,

Imigrantes.

Giovana Schneider 

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