segunda-feira,
02 de dezembro de 2024

Comunicação da Vila, hoje, Marechal Floriano

Giovana Schneider

Telégrafo, Telefone, rádio e televisão…

Antigo aparelho de telégrafo. Com a inauguração da estação ferroviário de Marechal Floriano em 13 de maio de 1900, este sistema de comunicação facilitou a vida dos Florianenses. Fez encurtar o tempo de espera por uma informação. Nos anos setenta do século passado. este aparelho ainda era utilizado na ferrovia.

A partir de 1910 o telégrafo era meio mais rápido de comunicação da Vila de Marechal Floriano, ficava na estação ferroviária. Neste mesmo ano o relatório da Estrada de Ferro Sul Espirito Santo registrou mais de treze mil telegramas, realizados   nas estações de Vitória, Viana, Santa Isabel, Marechal, Araguaia e Matilde. Você ia na estação, solicitava o serviço de telegrafia ao agente da Estação, informando o conteúdo. Quando era para Vitória, transmitia direto. Para o Sul, primeiro para Matilde, depois Cachoeiro, Rio de Janeiro e até chegar ao destino final. 

Tudo na maior velocidade. Outra coisa, quanto mais palavras continha a mensagem, mais caro custava. Era comum não usar preposições, pois, assim diminuía o valor. Em Marechal quem entregava o telegrama era o Guarda-chaves Olímpio Penha.

O telefone, no governo de Nestor Gomes, em 1924, instalou uma linha telefônica entre Vitória, Campinho e Marechal.

No final dos anos cinquenta ainda havia um telefone no Hotel, na ocasião administrado pela Alice Boneli, esposa do mestre de linha Raul. Tinha comunicação com Campinho e Sapucaia. Era muito usado para comunicar com eletricista da Central, o Sr. José Corassa, avisando que não tinha energia na Vila. O aparelho era a pilha, onde tinha que acionar uma chave, direcionado para o local da comunicação. Uma pessoa responsável atendia e, ela tinha que procurar na Vila a pessoa e trazer até o aparelho. Isto demorava muito. Era normal o sinal cair.  Em dia de temporal, era impossível ter fone no ouvido, já que descarga vinha em direção do aparelho.

Na década de setenta foi instalado uma central telefônica em Campinho. Em Marechal somente anos depois, que veio já os telefones residências. 

Tipo de telefone que tinha no Hotel de Marechal Floriano. Foto Internet.

RÁDIO

Depoimento de Ondina Pereira (Nonoca), na residência de seus pais, na década de trinta já havia um rádio na sala principal. Até o início dos anos setenta, a rádio predominava. O repórter Esso, marca registra das notícias, quando dava 20:00 horas, horário de Brasília, quem tinha rádio, sintonizava a rádio Nacional, para escutar as notícias do Brasil e do mundo.

Outra grande audiência foi as novelas da rádio Nacional. A famosa, Direito de Nascer, ficou por mais de três anos em audiência.

No futebol, aos domingos na padaria do seu Manoel, tinha gente de todos os lados. Em 1958 em Marechal, quem dominava era o Fluminense, inclusive o dono da padaria. Ainda tinha o Bar América, que em 1960 quando o América do Rio foi campeão, teve uma grande festa, mesmo com três torcedores, os Flamenguistas, Vascaínos e Botafoguenses, torciam para o América. Miguel Antônio Mascoli mais conhecido como seu Mascoli, foi agente de estação em Marechal Floriano entre 1955 a 1957. Na época o agente de estação fazia de tudo na Vila, de delegado a eletricista. Era um torcedor fanático do Botafogo do Rio de Janeiro. Em 1955 um jogo entre o Botafogo e América, onde o seu time tinha que ganhar para chegar à final com Flamengo. Quando o América fez o terceiro gol, seu Mascoli correu no transformador e desligou o sistema de energia da Vila. Não havia rádio a pilha.  Ao anoitecer quando o jogo já tinha terminado, ligou a energia. Resultado América 3 x Botafogo 1. Aos domingos tinha um programa musical na rádio Nacional. O rádio da D. Arlete esposa, do Olímpio Schunck, podia ouvir a distância. Em 1960 começou a era dos rádios a pilha, um dos mais famosos era Mitsubishi, tinha fone de ouvido. Quem tinha, esnobava. 

Foto de 1960 da residência do seu Manoel Padeiro, ao lado o bar. 

Uma história interessante. Em 1965, empregados da Construtora Queiroz Galvão, residiam na Pensão Recreio do seu Alfredo. Um eletricista tinha um transmissor de rádio, de baixa potência. A noite ligava e fazia transmissão. Antônio Raymundo Vieira, mais conhecido como Toninho Lanterneiro, tocava violão elétrico. Um grupo de pessoas, sentados na plataforma da estação, ouvindo o Toninho tocar, no radinho a pilha do Carlinho Pimentel.

Rádio na Segunda Guerra Mundial

Em 1942, com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ficou proibido falar o idioma alemão. Na época haviam espiões para saber quais famílias ainda praticavam o idioma. Emílio Oscar Hülle, teve que retirar do túmulo de seu filho Albert, as informações em idioma alemão, e transcrever em português. Emílio Gustavo disse que seu pai tinha costume de ouvir a Rádio Alemã, Deutsche Welle. Em 1942, o governo proíbe a recepção radiofônica de notícias de guerra. Quem desrespeitava era severamente castigado. Esteve na sua residência um militar proibindo de sintonizar a emissora, com pena de ser preso, caso não cumprir a ordem. Seu filho Emilio Gustavo diz que na época era normal ouvir rádios estrangeiras para saber notícias da guerra. Aos domingos muitos Florianenses visitavam meu pai para saber notícias da Guerra. Francisco Entringer, relatou que foi várias vezes na casa do seu Emilio.

Emilio Oscar foi intimado, e teve que comparecer a delegacia de Campinho, onde recebeu ordens de queimar documentos e fotos dos seus antepassados alemães, como também teve apagar as escritas no idioma alemão, das sepulturas de seus dois filhos. Quanto a documentação e fotos, enterrou ao lado do fogão. Hoje estes livros e fotos encontram-se com o seu neto Jair Littig.

Na foto, túmulos dos seus filhos Albert e Fridolina, onde podemos ver que foram raspados, onde tinha inscrição no idioma alemã. Foto acervo Jair Littig

O Rádio na minha adolescência

Por Jair Littig

Desde de 1958 eu já escutava rádio, principalmente futebol. Na copa de 1958, ouvia-se os jogos. Como não havia muita tecnologia, as transmissões falhavam no momento em que o Brasil estava atacando. Quando retornava, nada acontecia ou era um gol.

Desde cede gostei de ouvir rádio e ler jornal. Nos anos sessenta ouvir rádio nas ondas curtas era um divertimento dos jovens. Em Marechal, a noite não tinha nada para fazer, eu sintonizava as rádios internacionais, para ouvir notícias. Como era filatelista nesta época, onde fui sócio do clube filatélico da Voz da América, em Washington, Da Deutsche Welle de Berlim, Rádio França, BBC de Londres, Rádio Suíça. Além de selos trocávamos correspondências. Conheci muita gente pelo rádio.

Em 1969 correspondia com uma pessoa em Zurique, através da rádio Suíça. Em 1987, quando fui pela primeira vez na Europa, lembrei do amigo Charles. De Lisboa mandei um cartão informando que dentro de dez dias estaria em Zurique e informei o nome do hotel. Minha surpresa, quando cheguei, já havia um recado do Charles. Me apresentou a bela cidade da Suíça. 

No período do regime militar, as notícias dos jornais e rádio, não eram muito confiáveis. A BBC de Londres tinha um programa semanal em português (Semanário para América Latina). Quando a notícia vinculava o Brasil, e esta não agradava o regime, utilizavam um sistema de bip, onde não podia entender nada.

  Em 1969 a rádio Voz da América mencionou meu nome, sobre a minha temática filatélica. Recebi muitas cartas de vários países. Um chinês de Pequim, tinha os selos que desejava.  Tinha interesse em selos brasileiros. Ele enviou-me uma carta volumosa, contendo selos e postais e fotografias da China. Minha surpresa foi que recebi uma carta dos correios, onde eu tinha que comparecer na agência central de Vitória. Pensei até que fosse um emprego. Na verdade, quando fui conversar com a pessoa indicada, era um militar. Na mesa estava um envelope aberto, onde um senhor informou que por motivos de segurança, a minha carta teve que ser aberta. Já que a mesma veio de um país comunista, aconselhou-me a não ter contatos com pessoas deste regime. Eu simplesmente disse que era um filatelista.

Em 1976 já residia em Vitoria. Tinha correspondência com uma moça de Ozorno. Chile. Também filatelista. Numa ocasião enviou-me selos e jornais. Recebi novamente uma carta dos correios. Eles não abriram os envelopes. Passei pelo sermão, já que na época o Chile e Brasil, não tinham boas relações.

Em 1982 fui transferido para o Maranhão. Na época da construção da ferrovia, eu morei em muitos locais que não havia televisão. Eu tinha meu rádio Transglobe Philco de nove faixas. Nesta região do Brasil, somente a Rádio Nacional da Amazônia sintonizava. Mas as rádios exteriores o som era perfeito, pois a maioria delas tinha transmissoras nas Guianas. A rádio Margherita de Bogotá era a minha preferida, devido seus programas musicais.

Meu rádio Transglobe Philco de nove faixas. Comprei em 1972.

O rádio prestou serviço, promoveu entretenimento, ajudou as pessoas nas suas comunidades. Foi uma ferramenta essencial e continua. 

Mudou totalmente o isolamento das pessoas. Por meio desse aparelho, milhões de pessoas tiveram acesso a notícias, músicas, radionovelas, programas humorísticos, esportivos e de variedades.

FONTE: COMUNICAÇÃO/2020 — JAIR LITTIG

Se quiser saber mais é só visitar o meu blog “cada um de nós compõe a sua história” nos Links abaixo:

https://giocsch.blogspot.com/2023/09/comunicacao-jair-littig-2020-pat-i-ii.html

https://giocsch.blogspot.com/2023/10/comunicacao-jair-littig-2020-pat-ii-ii.html

RÁDIO

Que entretenimento bacana um radinho de pilha,

Quanta alegria fazia…

Do futebol…as radionovelas,

Quem não se lembra da Voz do Brasil, que foi criado em 1935,

E da canção da Carmem Miranda:

Nós somos as cantoras do rádio

Levamos a vida a cantar

De noite embalamos teu sono

De manhã nós vamos te acordar… 

Rádio,

Nele, temos notícias e músicas,

Ainda faz parte da vida de muita gente,

No interior e na cidade…

E também em outros lugares.

Giovana Schneider: Escritora, Poeta, Contista e Colunista. Ocupante da cadeira de nº 06 da AFHAL (Academia Florianense de História, Artes e Letras “Flores Passinato Kuster”). 
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Comentários

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2 respostas

  1. Parabes pelo trabalho relatando detalhes para quem viveu naquela época,lembrou de tudo com se fosse hoje.
    Parabéns Giovanna e Jair
    Abraço de Marcos Bittencourt Vieira Machado membrro da AFHAL

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