domingo,
16 de fevereiro de 2025

Artigo/Opinião

Tragédia em Alfredo Chaves: o que Luan aprendeu com ela

Foto: Clovis Rangel

"Creio, piamente, que a vida quer que continuemos o legado de meus avós…"

 

Por: Clovis Rangel

 

No sofá de sua casa alugada pela prefeitura, ao lado de sua enteada, Luan Barbosa, 30 anos, repousava de uma fratura – a qual pode deixa-lo sem movimento em um braço -, e assistia algum programa vespertino na tevê. O clima era de paz junto a seus bichinhos de estimação – quatro cachorros, que também saíram ilesos da tragédia. Luan não os espanta e me diz para ficar à vontade. Quem o vê sereno dessa forma, igual eu pude ver, nem imagina que há onze dias ele correu risco de morte. Ele é um dos sobreviventes do desmoronamento no bairro Cachoeirinha, em Alfredo Chaves, da madrugada do último dia 18. Na ocasião, infelizmente, seus avós maternos não tiveram a mesma sorte. Morreram soterrados. 

 

Luan estava no mesmo lugar que eles quando a serra desceu, mas foi salvo do mar de lama por um grito de seu irmão. “Só escutei um estrondo, que não tem como explicar a força. Foi muito violento. Meu irmão já tinha ouvido e nos avisou. Quando saí de casa, já estava debaixo dos escombros, com minha cabeça atravessada em uma porteira de ferro. Senti meu celular tocar em minha mão. Era minha tia. Pedi socorro. ”, disse ao jornalista que assina esta coluna. 

 

Sem saber direito o que estava acontecendo, mas ciente de que seus avós tinham falecido, pois conseguia enxergar a casa coberta de entulhos, pensou que tinha perdido toda a família.  Mas, logo seus entes apareceram e trouxeram vizinhos para salva-lo. “Só tenho a agradecer a Deus e a todos os que me tiraram debaixo daquilo. Serão meus heróis para sempre.”, enfatizou.  

 

Sobre o aprendizado com seus avós, Luan, emocionado, mencionou: “Foram meus exemplos para eu ter honestidade, vontade de trabalhar para crescer na vida de ter a religião como o pilar para tudo.”. 

 

Aproveitei o gancho, uma vez que ele mesmo me garantiu ser um homem de fé, e fiz a minha pergunta-chave: o que você aprendeu com essa tragédia? – Foi um livramento de Deus, com certeza. Creio, piamente, que a vida quer que continuemos o legado de meus avós, sendo seres humanos com caráter ímpar. 

 

Para encerrar e não atrapalhar ainda mais sua reabilitação, indaguei logo sobre seu futuro. Ele me afirmou que irá concluir a faculdade em Educação Física. Quer ser personal trainer.

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